Série: O poema nu - Parte 2

Desenho “DIO” - Torquato Neto, 29/11/1971

a gota brilhou

o gosto do sol

e brandou a manhã

no cinza do mal

o gosto que tens é

o sal do calor

é suar em sabor

o mel lateral

o gesto que trama

cala e desponta

demarca o limite horizontal

da transa

do nó de cabelos

na manha da cama

o só cajueiro

que água na poça

.

caminho entre

calco

no chão sem

corro de carros

curo na seca

se se

cura do

slaio

capto cobre ou cabo de guerra os

luços da noite maciça em que

se lançam

colho o que é mais bonito do estragado fruto se

calha

se de

culpo o passado e

ouvi dizer que havia

sonho

no sagrado

mas não foi se

gredo

ou secreto ou muito menos a

grado

o sol feito centelha

que precisa do remédio ansió

lítico ou de ó

culos escuros

já que não só

cega

e semeia o que só

alcançam os raios do que não é só seco nem sacia molhado mas só

suga

da terra um sonido agudo que não é só

sexo ou

grão moído pra pássaro é só

lido

no que olhos passam ou só

riso

no sangue desdén

tado

e mão mas ó guizo em mão caiu

no aberto que coagula

covil que outra agulha satisfaz quando envenena

ou brada a bruma na paulada que a vida comanda

na nuca na bunda

na coxa de dentro no

com a perna cruzada surrupia uma carta de condição ao barulho só

lidão

que quando corta o cochicho no quarto é cor

púrpura

e só

escorrega no cão do espasmo corpóreo e a boca agita

assim

assim

assim

assume a boca

afim afim afim

de ser uma outra curva

de encontro à língua ao cumo do que move o mundo que é tão burro

assim

assim

assim

Figo Maduro

Created with © systeme.io

Odi profanum vulgus et arceo

Large Call to Action Headline