Revista Parva Scientia
Imagem fotografada e editada pelo autor (2025).
quando vejo nos meus olhos
o reflexo de uma hecatombe
afasto-me, atento
e respiro, bruscamente, a fuligem
de uma nova era que se esvai.
quando eu nasci, um anjo morto
penetrei nos salões de argila
que mascaram um baile de máscaras.
o símbolo, caído ali ao pé da porta,
já era um atestado de volatilidade.
o destino de uma constante mudança
é uma protestante constante crise.
o ato de encarnar um estado perpétuo
requer o cuidado de nunca deixar
que a mudança se amanse na falência.
talvez seja essa minha pletora?
correr o risco de amar o exercício do exício
e se lambuzar numa impostura própria?
nada de fato se revela até que alcance
o apogeu do adeus, da repartição individual.
tomo para mim que esse poema é de despedida,
pois ao passo que firmo na tela
essa carnificina de experiências,
transfiguradas em pequenos sons ocos,
encontro-me mais próximo da lassidão.
Atroz